
Por Gil Campos: Goiânia, 4 de dezembro de 2024 – A produção industrial brasileira registrou queda de 0,2% em outubro, interrompendo dois meses consecutivos de alta que haviam acumulado um ganho de 1,2%. O recuo foi impulsionado, principalmente, pela redução na produção de álcool, além de quedas nos setores de bebidas e indústrias extrativas.
Apesar da retração mensal, a produção industrial avançou 5,8% na comparação com outubro de 2023, marcando o quinto mês consecutivo de expansão. No acumulado de 2024, o setor apresentou crescimento de 3,4%, com alta de 3,0% nos últimos 12 meses, segundo a Pesquisa Industrial Mensal (PIM Brasil) divulgada pelo IBGE.
Setores que impulsionaram o recuo
Entre os segmentos que mais impactaram negativamente a produção em outubro estão:
- Coque, petróleo e biocombustíveis: queda de 2,0%, pressionada pela menor produção de álcool e gasolina automotiva;
- Bebidas: retração de 1,1%;
- Indústrias extrativas: redução de 0,2%.
Segundo o gerente da PIM Brasil, André Macedo, a menor produção de itens essenciais como álcool e gasolina automotiva teve peso significativo no desempenho geral da indústria. “O segmento sofreu pressão negativa, especialmente pela queda na produção desses itens, além de reduções nas indústrias de bebidas e extrativas”, explicou.
Destaques positivos
Apesar do recuo geral, 19 das 25 atividades pesquisadas pelo IBGE registraram alta na produção em outubro. O destaque foi o setor de veículos automotores, reboques e carrocerias, com crescimento de 7,1%, intensificando o avanço de 2,8% registrado em setembro.
- Vestuário e acessórios: +14,1%;
- Produtos químicos: +2,8%;
- Máquinas e equipamentos elétricos: +5,4%;
- Celulose e papel: +3,4%;
- Metalurgia: +2,1%;
- Produtos diversos: +7,4%.
O aumento na produção de automóveis, caminhões e autopeças foi fundamental para o desempenho positivo do setor automotivo.
Comparação com outubro de 2023
O crescimento de 5,8% na comparação anual reflete uma aceleração no ritmo da produção industrial em relação aos meses anteriores, como os avanços de 3,4% em setembro e 2,3% em agosto. Segundo o IBGE, esse resultado positivo foi disseminado por 21 dos 25 ramos industriais pesquisados e pelas quatro grandes categorias econômicas, evidenciando um perfil consistente de expansão.
Contexto histórico e mudanças metodológicas
A produção industrial brasileira está atualmente 2,6% acima do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020), mas ainda 14,4% abaixo do nível recorde registrado em maio de 2011.
Desde a década de 1970, a Pesquisa Industrial Mensal (PIM Brasil) acompanha o comportamento do setor industrial no país. Em 2023, a pesquisa passou por uma reformulação que atualizou sua amostra de atividades, produtos e estrutura de ponderação, alinhando os indicadores às mudanças econômicas da sociedade.
Análise Crítica
A queda de 0,2% em outubro destaca a vulnerabilidade de alguns segmentos da indústria, como o de combustíveis e bebidas, a fatores externos e oscilações de mercado. Por outro lado, o crescimento robusto de setores como o automotivo e o vestuário demonstra a resiliência e a diversificação da indústria brasileira.
O desafio para 2024 será consolidar esse crescimento, investindo em infraestrutura, modernização tecnológica e políticas públicas que incentivem a produção. Além disso, superar o patamar histórico de 2011 requer estratégias claras para fortalecer os setores em declínio e fomentar a competitividade internacional.