Infraestrutura do Sudeste é considerada boa ou ótima por 64% dos industriais, aponta CNI
Goiânia, 15 de outubro de 2024 – Um estudo divulgado nesta terça-feira (15) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelou que 64% dos empresários do setor industrial classificam a infraestrutura da Região Sudeste como boa (55%) ou ótima (9%). Outros 31% consideram a infraestrutura regular, enquanto 3% avaliam como ruim e 2% como péssima.
O levantamento, chamado Panorama da Infraestrutura – Região Sudeste, compila dados sobre áreas estratégicas como transporte, energia, saneamento básico e telecomunicações. Além disso, o estudo apresenta propostas para melhorias necessárias na infraestrutura dos quatro estados da região: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Desafios da infraestrutura no Sudeste
De acordo com o presidente da CNI, Ricardo Alban, a pesquisa visa contribuir para o desenvolvimento da infraestrutura no Sudeste, aspecto crucial para o crescimento da indústria e da economia. “O setor produtivo brasileiro enfrenta um elevado déficit de infraestrutura e a deterioração das condições dessa área afeta diretamente a competitividade industrial e a atração de investimentos”, comentou Alban.
O Sudeste é responsável por 52% do PIB industrial brasileiro, o que reflete na urgência por modernizações em acessos portuários, na exploração de petróleo no pré-sal e no aproveitamento de fontes renováveis, como as hidrelétricas. Roberto Muniz, diretor de Relações Institucionais da CNI, destacou os maiores problemas de infraestrutura no Sudeste, especialmente relacionados ao transporte rodoviário e às condições dos portos, com destaque para o Porto de Santos.
“A precariedade das rodovias e o comprometimento da capacidade de Santos são preocupações centrais. Precisamos de uma agenda robusta de investimentos, que leve em consideração as necessidades específicas de cada região”, frisou Muniz.
Logística e obras prioritárias
O estudo indica que, para que o Sudeste supere os desafios logísticos, obras de manutenção, adequação e expansão de corredores logísticos estratégicos são prioritárias. Entre essas obras estão a Ferrovia Centro Atlântica (FCA), as rodovias BR-381, BR-116, BR-101, BR-262 e a construção da Terceira Via de Ligação entre a Baixada Santista e a Capital Paulista.
Outro dado relevante levantado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) mostra que, dos 4.325 contratos analisados na Região Sudeste, 54% das obras estão paralisadas, com destaque para os setores de saneamento básico e transportes.
Novo PAC: investimentos na infraestrutura do Sudeste
O Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado em agosto de 2023, prevê um investimento de R$ 1,7 trilhão em todo o Brasil, com R$ 759,7 bilhões direcionados para obras e empreendimentos na Região Sudeste. Segundo o estudo da CNI, esses recursos serão fundamentais para destravar os gargalos existentes na infraestrutura da região.
Análise Crítica
O estudo da CNI aponta um cenário em que, apesar de reconhecida como boa pela maioria dos industriais, a infraestrutura do Sudeste ainda enfrenta sérios desafios, principalmente nas áreas de transporte e saneamento. O volume de obras paralisadas e o déficit em manutenção e expansão de rodovias e ferrovias indicam a urgência de investimentos mais eficazes. O Novo PAC surge como uma esperança de melhorias substanciais, mas a execução de projetos de tamanha magnitude requer transparência, planejamento e monitoramento rigoroso.
A industrialização robusta da região, especialmente em setores como o pré-sal e a exploração de fontes renováveis, não pode avançar sem uma base logística sólida. O sucesso desses empreendimentos depende diretamente de soluções estruturais que ofereçam condições adequadas para o transporte de mercadorias e insumos. Investir na infraestrutura é crucial não apenas para atender às necessidades atuais da indústria, mas também para garantir um crescimento sustentável e competitivo a longo prazo.