Natal deve movimentar R$ 69,75 bilhões no varejo, mas ainda fica abaixo do nível pré-pandemia
Estimativa aponta crescimento real de 1,3% no faturamento, mas número de contratações temporárias recua em relação ao ano passado.
Por Gil Campos: Goiânia, 5 de dezembro de 2024 – O Natal deste ano promete movimentar R$ 69,75 bilhões no varejo brasileiro, segundo estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O número representa um aumento real de 1,3% no faturamento em relação ao ano passado, já descontada a inflação. No entanto, o setor ainda não recuperou o patamar de vendas observado em 2019, antes da pandemia, quando o varejo registrou movimentação de R$ 73,74 bilhões.
Setores em destaque
Os super e hipermercados devem liderar a movimentação financeira, concentrando 45% do total, o equivalente a R$ 31,37 bilhões. Já as lojas de vestuário, calçados e acessórios devem representar 28,8% das vendas, cerca de R$ 20,07 bilhões. Estabelecimentos especializados em artigos de uso pessoal e doméstico completam a lista, com participação de 11,7% e movimentação estimada em R$ 8,16 bilhões.
Contratações temporárias em queda
Diferentemente de anos anteriores, o número de contratações temporárias deve cair. A CNC prevê a criação de 98,1 mil vagas temporárias, uma redução de 2,3 mil postos em relação a 2023. Segundo o economista-chefe da CNC, Fábio Bentes, isso se deve ao aumento do quadro de funcionários ao longo do ano, que registrou 3% de crescimento, com 240 mil vagas criadas nos últimos 12 meses.
“Esse crescimento na força de trabalho regular faz com que o varejo dependa menos da mão de obra temporária para atender à demanda de fim de ano”, explicou Bentes. Ele também destacou que a expectativa é de que 8 mil trabalhadores temporários sejam efetivados em 2025.
Cenário econômico
A desvalorização cambial deve pressionar os preços de produtos natalinos, com alta média de 5,8%, segundo o IPCA-15. Entre os itens mais afetados estão livros (+12,0%), produtos para a pele (+9,5%) e alimentos (+8,3%). Por outro lado, produtos como bicicletas (-6,2%), aparelhos telefônicos (-5,5%) e brinquedos (-3,5%) devem apresentar queda nos preços.
Movimentação por estados
A CNC projeta que quatro estados devem concentrar mais da metade do faturamento nacional neste Natal:
- São Paulo: R$ 20,96 bilhões
- Minas Gerais: R$ 7,12 bilhões
- Rio de Janeiro: R$ 5,86 bilhões
- Rio Grande do Sul: R$ 4,77 bilhões
Entre os estados com maior projeção de crescimento nas vendas estão Paraná (+5,1%) e Bahia (+3,6%), que se destacam pelo avanço no faturamento em comparação com o ano passado.
Análise crítica
Embora o crescimento real no faturamento seja positivo, a retomada completa ao patamar pré-pandemia ainda parece distante. A alta nos preços de produtos essenciais e a redução no número de vagas temporárias evidenciam os desafios econômicos do país, mesmo em períodos tradicionalmente aquecidos como o Natal. A recuperação do setor dependerá de um cenário macroeconômico mais favorável e de ações que estimulem o consumo.