Por Gil Campos: Goiânia, 6 de novembro de 2024 – O setor industrial brasileiro registrou um aumento expressivo nas contratações durante os nove primeiros meses de 2024, com 405.493 novos postos de trabalho abertos, o que representa um salto de 75,5% em comparação aos 230.943 empregos criados no mesmo período de 2023. Jovens de 18 a 24 anos foram os que mais ocuparam essas novas vagas, destacando-se na força de trabalho do setor.
De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), somente em setembro o saldo de empregos industriais foi de 59.827 novas vagas, um crescimento de 40% em relação ao mesmo mês de 2023 e 16% superior a agosto de 2024. A indústria de transformação foi responsável por 93% das vagas abertas no mês, com destaque para os setores de alimentação (22.488 vagas), borracha e material plástico (3.578 vagas) e veículos automotores (3.389 vagas).
Destaque Regional e Programas Federais
Pelo segundo mês consecutivo, o Nordeste liderou as contratações, com 42,4% das vagas criadas em setembro (25.417), seguido pelo Sudeste (37,8%), Sul (9,9%), Norte (5,3%) e Centro-Oeste (4,2%). O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços credita o crescimento do emprego industrial a programas federais, como o Mover, voltado ao setor automotivo, e a Depreciação Acelerada, que incentiva a modernização de indústrias. Outros programas incluem a retomada do Regime Especial da Indústria Química (Reiq) e o Programa Brasil Semicondutores.
Essas iniciativas têm impulsionado planos de investimento do setor produtivo, que totalizam R$ 1,6 trilhão para os próximos anos. Segundo o ministério, esses investimentos serão distribuídos em setores como indústria da construção (R$ 1,06 trilhão), automotivo (R$ 130 bilhões), alimentos (R$ 120 bilhões), papel e celulose (R$ 105 bilhões), semicondutores e eletroeletrônicos (R$ 100 bilhões), siderurgia (R$ 100 bilhões) e complexo industrial da saúde (R$ 39,5 bilhões).
Jovens Ganham Espaço no Setor Industrial
Do total de vagas criadas até setembro, 57,4% foram ocupadas por jovens de 18 a 24 anos. Um exemplo é Caio Cabral, de 18 anos, que conquistou seu primeiro emprego formal em junho na empresa APS Soluções, em São Paulo. Formado em eletrotécnica e cursando o último ano do ensino médio, Caio ocupa o cargo de auxiliar técnico de laboratório e relata que o emprego tem atendido às suas expectativas. “O salário está dentro do esperado e o deslocamento até a empresa leva apenas 40 minutos,” conta ele.
Outro caso é o de Marli Matias Lima, de 20 anos, que após terminar o ensino médio enfrentou dificuldades para conseguir um emprego. Marli foi contratada pela Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP) em setembro, após um processo seletivo disputado. Atualmente, ela trabalha como preparadora de carrocerias e cursa faculdade de análise e desenvolvimento de sistemas. “O salário cobre meus gastos e a empresa oferece transporte fretado, o que facilita o deslocamento,” afirmou Marli.
Análise Crítica
O aumento significativo de contratações no setor industrial destaca o papel dos jovens na renovação da força de trabalho e reflete os impactos de políticas públicas de incentivo ao emprego e investimento. Programas federais como o Mover e o Brasil Semicondutores têm impulsionado investimentos substanciais, que deverão fortalecer ainda mais o setor. Com uma parcela expressiva das vagas ocupadas por jovens, a indústria não apenas atende à demanda por mão de obra qualificada, mas também contribui para a formação e inserção profissional. O crescimento das oportunidades no setor industrial representa uma retomada positiva para a economia brasileira, com impacto direto na empregabilidade e na geração de renda.