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Transplantes com HIV: funcionária de laboratório presta depoimento à Polícia Civil sobre laudos errados

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Goiânia, 15 de outubro de 2024 – A funcionária do laboratório PCS Lab Saleme, Jacqueline Iris Bacellar de Assis, apontada como responsável pela assinatura de laudos de exames de HIV incorretos que resultaram na infecção de pacientes transplantados no Rio de Janeiro, está prestando depoimento à Polícia Civil na tarde desta terça-feira (15). A investigação segue sob sigilo, mas a corporação confirmou que Jacqueline estava sendo considerada foragida.

Segundo informações do próprio laboratório, Jacqueline teria apresentado documentos falsos, incluindo um diploma de biomédica e uma carteira profissional com habilitação em patologia, enganando a empresa sobre sua qualificação para assinar laudos de exames.

Os laudos errados afetaram dois doadores cujos exames de HIV, assinados pelo laboratório, foram erroneamente classificados como negativos, quando na verdade eram positivos. Essa falha levou à infecção de seis pacientes com HIV após realizarem transplantes de órgãos no estado do Rio de Janeiro.

A Polícia Civil está conduzindo as investigações e, nesta segunda-feira (14), prendeu Walter Vieira, um dos sócios do laboratório, como parte da operação. Em depoimento, Vieira afirmou que pode ter ocorrido um erro humano na transcrição dos resultados de dois testes de HIV.

Laboratório interditado e novas medidas de segurança

O PCS Lab Saleme foi interditado pela Vigilância Sanitária local, com orientação técnica da Anvisa, até que as investigações sejam concluídas. Novos exames pré-transplante estão sendo realizados no Hemorio para garantir a segurança dos procedimentos.

O caso é tratado com extrema gravidade pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) e pelo Ministério da Saúde. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as Vigilâncias Sanitárias estadual e municipal, e o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) estão coordenando uma série de ações para investigar as infecções e garantir que incidentes semelhantes não ocorram.

Contratos e ligações políticas

O laboratório possui pelo menos três contratos com a Fundação Saúde, vinculada à Secretaria Estadual de Saúde, responsável pela gestão das unidades da rede estadual. Além disso, entre os sócios do laboratório estão familiares do deputado federal Dr. Luizinho (PP-RJ), ex-secretário estadual de Saúde. O parlamentar, em nota divulgada na última sexta-feira (11), negou qualquer envolvimento na escolha do laboratório durante seu período como secretário.

Até o momento do fechamento desta reportagem, Jacqueline Iris Bacellar de Assis continuava prestando depoimento à Polícia Civil, de acordo com seu advogado.

Análise crítica

Este caso revela falhas graves na fiscalização e controle de processos fundamentais para garantir a segurança dos transplantes de órgãos. A responsabilidade de laboratórios, especialmente em testes que podem afetar diretamente a vida dos pacientes, precisa ser rigorosamente monitorada. A interdição do laboratório e as ações investigativas em curso são passos cruciais para evitar novos episódios semelhantes.

Gil Campos

Gil Campos, publicitário, jornalista e CEO do Grupo Ideia Goiás e Jornais Associados, é o fundador dos veículos Folha de Goiás, Opinião Goiás e Folha do Estado de Goiás. Com uma visão inovadora e estratégica, ele transforma o jornalismo em Goiás, oferecendo notícias de qualidade, análises profundas e cobertura dos principais fatos no Brasil e no mundo. Fale com Gil Campos: WhatsApp: (62) 99822-8647 E-mail: gil_campos@folhadegoias.info | gil_campos@opiniaogoias.com.br | gil_campos@folhadoestadodegoias.com.br

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