O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) reiterou hoje sua previsão de que a inflação oficial do país encerrará o ano de 2024 em 4%, conforme estipulado pelo Banco Central.
De acordo com a análise trimestral divulgada pelo Ipea, a projeção permanece consistente com as expectativas anunciadas em dezembro, embora tenha havido ajustes no comportamento inflacionário previsto.
Os economistas Maria Andréia Parente Lameiras e Marcelo Lima de Moraes, responsáveis pela projeção, destacam que os preços dos alimentos exerceram uma pressão maior sobre os consumidores no início do ano. No entanto, observou-se um alívio nos custos dos serviços educacionais em fevereiro, o que resultou em uma revisão para baixo nas previsões de aumento para o grupo de serviços livres, que engloba despesas como transporte, recreação, serviços médicos e comunicação, além da educação.
“Enquanto a projeção para a inflação dos alimentos avançou de 3,9% para 4,1%, devido aos aumentos acima do esperado nos dois primeiros meses do ano, a estimativa para os serviços livres recuou de 5% para 4,8%, refletindo um reajuste mais moderado nos serviços educacionais (6,3%), em comparação com a projeção anterior de 7,5%,” destacam os pesquisadores.
Entretanto, os analistas alertam para a possibilidade de fatores internacionais influenciarem a trajetória da inflação, como o crescimento econômico em outros países e o fim de conflitos armados que impactam as cadeias de suprimentos.
A estimativa do Ipea, vinculado ao Ministério do Planejamento e Orçamento, diz respeito ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Instituto identifica um processo de desinflação na economia brasileira. Em fevereiro, a inflação acumulada em 12 meses recuou pelo quinto mês consecutivo, atingindo a taxa de 4,5%, o que representa uma redução de 1,1 ponto percentual em relação ao mesmo período de 2023. No ano passado, o IPCA encerrou em 4,62%.
Além disso, o estudo traz projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que deverá fechar 2024 em 3,8%. O INPC avalia o aumento do custo de vida das famílias com renda de um a cinco salários mínimos, enquanto o IPCA abrange uma amostra que vai até 40 salários mínimos.
A projeção do IPCA em 4% para 2024 está alinhada com a meta estabelecida pelo Banco Central, que é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Esta projeção dentro do intervalo da meta auxilia o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central a reduzir a taxa básica de juros da economia, a Selic.
Uma Selic mais baixa tende a estimular o crescimento econômico e a criação de empregos e renda.
Desde a última reunião do Copom, em 20 de março, a taxa está em 10,75% ao ano.
Na terça-feira (26), o IBGE divulgou o IPCA-15, considerado uma prévia da inflação, que acumulou 4,14% nos últimos 12 meses.